Em 2015, a Microsoft Research deu início ao Project Natick, um inusitado experimento que levou um datacenter funcional para dentro do mar. São quase cinco anos de pesquisa, mas a paciência é uma virtude: agora que mais uma fase de testes foi finalizada, a companhia concluiu que datacenters subaquáticos são confiáveis e práticos.
A primeira fase do projeto consistiu no envio de uma espécie de contêiner para dentro do mar na região litorânea da Califórnia. Após 105 dias de mergulho, o protótipo foi retirado da água e avaliado em vários aspectos.
Os pesquisadores ficaram satisfeitos com o que constataram. Os computadores instalados em um rack dentro do equipamento funcionavam normalmente. Além disso, eles não identificaram vazamentos, infiltrações, corrosão interna e outros problemas do tipo.
Mas era preciso fazer o projeto avançar. Em meados de 2018, a Microsoft enviou outra cápsula para o mar — um gigantesco tubo de aço preenchido com nitrogênio, basicamente —, dessa vez em uma região ao norte da Escócia. O novo contêiner, muito maior, comporta 12 racks com 864 servidores ao todo.
No começo de 2020, a Microsoft repetiu o procedimento: o datacenter subaquático foi retirado do mar e vinha, desde então, sendo estudado pelos pesquisadores do Project Natick. Novamente, os resultados foram animadores.
Os responsáveis pelo projeto acreditam que um contêiner devidamente lacrado lançado ao mar pode oferecer um ambiente mais confiável para datacenters do que as tradicionais instalações em terra. Ao que tudo indica, eles estão certos.
Nos prédios, “a corrosão por oxigênio e umidade, as variações de temperatura e os impactos proporcionados por pessoas que substituem componentes defeituosos estão entre as variáveis que podem contribuir para falhas de equipamento”, diz a Microsoft Research.
Dentro do mar, esses problemas não foram verificados. Na verdade, os pesquisadores concluíram que a cápsula criou um ambiente oito vezes mais confiável para um datacenter do que as instalações convencionais.
Eles ainda não sabem totalmente o que possibilitou tamanho nível de confiabilidade, mas o preenchimento do contêiner com nitrogênio (elemento muito menos corrosivo que o oxigênio) e a ausência de impacto proporcionada pela água do mar estão entres as hipóteses mais prováveis.
Outro detalhe importante: a operação do datacenter na cápsula resultou em consumo mais sustentável de energia. Isso se deve, em parte, às baixas temperaturas da água do oceano que, como tal, oferecem condições naturais de resfriamento para os computadores, dispensando a necessidade de ar condicionado.
O Project Natick continua. As próximas fases podem incluir o estudo de cápsulas maiores e a interligação entre elas, por exemplo.